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A HISTÓRIA DOS DOIS PÁSSAROS

Conta a história que dois belos pássaros viviam na mesma árvore. Um deles, num ramo perto da copa e o outro mais embaixo. Este último ocupa-se provando os frutos da árvore, enquanto o de cima, tranquilo e majestoso, simplesmente observa absorto em sua própria glória.

Quando, ocasionalmente, o primeiro pássaro prova algum fruto amargo, ele salta imediatamente para um galho mais alto e nota o desprendimento do outro, que não se interessa nem pelas frutas doces, nem pelas amargas. Satisfeito, não procura nada fora de si mesmo. Na tentativa de aproximar-se desse pássaro, ele então pula para um galho acima, mas, por força do hábito, começa a provar os frutos daquele galho. Depois de experimentar outro fruto amargo, ele olha para o alto e, mais uma vez, observa a auto satisfação do outro pássaro. Ele então salta para um galho superior e, por força do hábito, novamente começa a provar os frutos que ali se encontram. Prossegue dessa maneira, saltando de galho em galho, até chegar bem perto do segundo pássaro. Nesse instante, a luz que emana das plumas do segundo pássaro reflete-se nas suas plumas, que começam a dissolver-se.

Quando finalmente ele alcança o mesmo galho em que o segundo pássaro se encontra, sua percepção muda completamente, e ele se dá conta de que, durante todo o tempo, o segundo pássaro era ele mesmo. A aparente dualidade existira somente porque, para saborear os frutos da árvore, ele havia se transformado num reflexo distorcido de seu verdadeiro Self.

A natureza humana é assim. O homem vive em busca de satisfação sensorial e da enorme variedade de prazeres oferecidos pelo mundo. Assim como o primeiro pássaro, ele deseja saborear os frutos doces dos prazeres mundanos por meio dos sentidos. Quando, ocasionalmente, é forçado a experimentar os frutos amargos dos golpes infligidos pelo mundo das sensações, ele começa a refletir profundamente e, assim tem um vislumbre de seu verdadeiro e majestoso Self. Os velhos hábitos, porém, são difíceis de extinguir e mais uma vez ele se perde no mundo dos sentidos. Depois de repetidos golpes, ele volta para seu mundo interior em busca da felicidade e, finalmente, descobre o Self que está presente em tudo que existe e é a essência de todas as coisas. Deus revela-se e, livre de todas as amarras, ele imerge no oceano da suprema felicidade.


Harihararanda, Paramahansa

Kriya Yoga - o processo científico de aperfeiçoamento espiritual e a essência de todas as religiões

Rio de Janeiro. Lótus do Saber, 2006.



 
 
 

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